EXPERIÊNCIA
COMO CURADOR DE EXPOSIÇÕES
E DIRETOR DE MUSEUS
EXPERIÊNCIA
COMO CURADOR DE EXPOSIÇÕES
E DIRETOR DE MUSEUS
EXPERIÊNCIA
COMO CURADOR DE EXPOSIÇÕES
E DIRETOR DE MUSEUS
TRABALHOS DE CURADORIA
EXPOSIÇÕES E MUSEUS
EXPERIÊNCIA
ARTIGO
Publicado no jornal O Globo, Opinião. Rio de Janeiro, 20.02.2018
Vingança contra a cidade
O Prefeito foi tirar ouro do nariz
Apresento uma tese ou hipótese: o fato de o Prefeito ter abandonado a cidade foi a senha que desatou, em todas as classes sociais, um demônio dentro, que estava semiadormecido. Foi quase um ato, inconsciente e inconsequente, de “vingança” ao Prefeito. E, por extensão à cidade.
A cidade não foi apenas vítima de arrastões; a cidade foi toda arrastada, devastada. No sambódromo, com ingressos a partir de 200 reais, houve um arrastão de imundície. Na praia de Ipanema, houve a destruição total dos canteiros de restinga que passaram incólumes por oito Carnavais.
Reitero: durante oito Carnavais, a preservação dos canteiros foi mantida. Por que a barbárie agora? Seria simplista falar na falta da educação pública de qualidade; isto já o sabemos. Mas “este ano foi diferente daquele que passou”, daqueles que passaram... Eu sei, toda torcida do Flamengo sabe: o que houve foi a total omissão, desleixo, incúria por parte da Prefeitura no sentido de cumprir sua tarefa mais comezinha de ordenar blocos, orientar cidadãos, nortear a defesa do patrimônio público.
De fato, exemplos não faltam mais acima: um país com 14 milhões de desempregados está sem Ministro do Trabalho há mês e meio. O que faz a chefia do governo? Nada. Então, o povo pergunta: “Para que servem os governantes?” Quando o Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, escreveu a El Rei de Portugal, aí pelos idos de 1550, mencionava que alguns funcionários “folgam o tempo todo”. É o caso do atual Prefeito do Rio, que já fez várias circunavegações em torno da Terra no curto período de sua gestão. Para isto ele serve. Se serve.
E a cidade? Ora, esta, o Prefeito diz que a segurança não é de sua responsabilidade, mas... a organização dela, sua proteção, sua limpeza são de responsabilidade de quem? Do Deus-dará? Sua atitude lembra o poema de Drummond, de 1930: “O poeta municipal /Discute com o poeta estadual/ Qual deles é capaz de bater o poeta federal/ Enquanto isto, o poeta federal tira ouro do nariz”. O Crivella foi tirar ouro do nariz na Áustria...
Trata-se, pela primeira vez, de um caso atípico em política. Não é que o Prefeito seja favorável apenas à parentada, a seus acólitos e que tais – coisa trivial no cotidiano da vida brasileira. É que, tout court, ele é contra a cidade e contra a maneira de ser e de viver dos cariocas.
Leonel Kaz é jornalista